27.3.09

Novas tecnologias colocam desafios ao jornalismo

Mesa do painel sobre o papel da informação televisiva

Carlos Daniel


Daniel Catalão


Sandra Pereira

Fotos de João Filipe Santos.


Foto de Luísa Teresa Ribeiro

Carlos Daniel e Daniel Catalão frisaram hoje de manhã a importância das novas tecnologias para o exercício do jornalismo, durante o painel “O Papel da Informação Televisiva”, integrado na II Convenção de Jornalistas.

O director-adjunto da RTPN começou por falar da “nova revolução a partir da televisão” e das potencialidades das novas tecnologias ao serviço do jornalismo.

Carlos Daniel afirma que a função do jornalista é fazer com que a sociedade seja um local que permita uma vivência mais democrática. O profissional da comunicação tem a obrigação de informar, mas também de criar uma participação democrática, defende Carlos Daniel.

Fim da passividade do público e das fontes

Daniel Catalão refere também os novos desafios que a Internet coloca aos profissionais da televisão. O jornalismo participativo obriga a uma “reconfiguração completa nas audiências da televisão tradicional”, argumenta.

Os públicos deixaram de ser passivos, para “exigir um papel activo”. As fontes “já não aguardam o contacto” dos jornalistas, antes “se assumem como repórteres”, prossegue Daniel Catalão.

Com o objectivo de “serem divulgados” através das novas tecnologias, os espectadores procuram que “a opinião que têm seja integrada no espaço público”, sustenta.

O jornalista diz ainda que há uma “transmutação de atitude” dos públicos. Em seu entender, neste momento, a verdadeira questão para os jornalistas é pensar como aceitar, assumir e integrar a nova atitude das fontes. É, frisa, essencial que o jornalista “lidere o processo”, integrando aquilo que se passa na Internet e aceitando o fim das fontes passivas.

As novas ferramentas, nomeadamente no online, vêm colocar desafios à profissão de jornalista, mesmo em termos deontológicos. Tendo como exemplo o blogue “À noite as notícias”, mantido, entre outros, por Carlos Daniel e Daniel Catalão, foi sublinhado o cruzamento entre a televisão e a Internet. Muito falado no painel, o Twitter foi um dos exemplos dados por Daniel Catalão: “É uma ferramenta que podemos potenciar em televisão”.

Lisboa “não pode ser o único sítio onde se produzem notícias”

A participação dos públicos foi outro dos aspectos focados. O jornalista frisa a “revolução brutal” do trabalho televisivo, no qual o cidadão tem agora um papel activo e de decisão, por exemplo na construção do telejornal através da Internet. “Acabou o tempo em que me posso queixar da televisão”, declara Carlos Daniel. O cidadão pode agora ser responsabilizado pelas suas escolhas, uma vez que existe uma grande “variedade de hipóteses”.

Carlos Daniel afirma que “a variedade de conteúdos aproxima cada vez mais gente da televisão”, embora “afaste mais as pessoas umas das outras”. “Os espaços públicos foram perdendo importância”, constata.

O jornalista da RTP acrescenta ainda que começa a haver, cada vez mais, “dois países”. E explica que há uma divisão entre o país dos “pensantes” e o país da maioria, pertencendo ao primeiro aqueles que consomem os canais do cabo. Este é, segundo o jornalista, o público “que não vê telenovelas”, mas que “especificamente quer ver informação”.

Carlos Daniel congratulou-se ainda pela existência do serviço público e pela “capacidade que a RTP tem tido para existir fora de Lisboa”, pois a capital “não pode ser o único sítio onde se produzem notícias”.

Texto Rita Araújo

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