26.11.09

Jornalista Ana Cristina Pereira apresenta primeiro livro em Guimarães


A jornalista do Público Ana Cristina Pereira apresenta, na próxima quinta-feira, na livraria do Centro de Artes e Espectáculos São Mamede, o seu primeiro livro. “Meninos de Ninguém”, lançado este ano, é o mote para uma conversa sobre as reportagens nele contidas e o trabalho jornalístico por detrás desta obra.


Ana Cristina Pereira é jornalista do Público desde 1999. Licenciada em Comunicação Social na Universidade do Minho, tem-se dedicado, sobretudo, às temáticas de exclusão social. Pobreza, tráficos, dependências, trabalho infantil, delinquência juvenil, violência intrafamiliar, reclusão, migrações e minorias são temas caros à autora que são retratados neste livro.


“Meninos de Ninguém” (Ulisseia) é o primeiro livro da jornalista e reúne 18 reportagens sobre crianças e jovens desprotegidos e/ou delinquentes. São trabalhos, na maioria dos casos, anteriormente publicados no Público, mas aqui libertos dos condicionalismos próprios da imprensa diária.


Numa organização conjunta do Gabinete de Imprensa de Guimarães e da livraria do Centro de Artes e Espectáculos São Mamede, o livro “Meninos de Ninguém” é apresentado nessa casa de artes vimaranense na próxima quinta-feira, dia 3 de Dezembro, pelas 21h45. Será uma oportunidade de conhecer o livro, bem como o trabalho da autora, e o mote para uma conversa sobre o trabalho jornalístico por detrás desta obra.


Saiba mais:


http://meninosdeninguem.wordpress.com/

http://livrariacaesaomamede.blogspot.com/

http://gabinetedeimprensa.blogspot.com/

28.3.09

GI lança desafio para edição das Conclusões da Convenção

As actas da II Convenção de Jornalistas serão editadas pelo Gabinete de Imprensa até ao final do ano. A edição vai incluir uma análise comparativa entre a primeira e a segunda edição da convenção realizadas em Guimarães.

As conclusões apresentadas no encerramento do evento vão estar em dicussão no blogue da associação, de modo a receber os comentários e críticas de todos quantos participaram directamente no evento, bem como os contributos de quem esteve a par da convenção no twitter.

A II Convenção em números

110
participantes

40
por cento dos inscritos eram estudantes

2
conferências

1
mesa redonda

4
grupos de trabalho

Conclusões

A II Convenção de Jornalistas – Guimarães 09 foi dominada pela discussão do impacto que as novas tecnologias da comunicação têm no jornalismo. Esta é uma realidade tida como incontornável, ainda que esta não seja uma área que gere consensos.

Durante os trabalhos foi apontada uma mudança em curso na comunicação social, particularmente ao nível da relação com os públicos e os espectadores e que é transversal à imprensa, à rádio e à TV.

Os públicos estão a mudar – ou já mudaram – e hoje não aceitam que um jornal online forneça um serviço onde não possam participar. As novas gerações, habituadas a seleccionar conteúdos e a utilizarem as tecnologias desde muito cedo, serão ainda mais exigentes, o que obrigará os meios a adoptarem estratégias de personalização dos conteúdos.

Os públicos deixaram de ser passivos, para exigir um papel activo. As fontes já não aguardam o contacto dos jornalistas, antes se assumem como repórteres. A questão para os jornalistas é pensar como aceitar, assumir e integrar a nova atitude das fontes.

Nos últimos anos assistiu-se a uma mudança de paradigma motivada pela tecnologia, capaz de, nos últimos anos, democratizar o acesso à informação, criando possibilidades de existência de novos conteúdos para além dos media tradicionais.

Por exemplo, o “boom” dos blogues deu origem a “novas vozes, novos mercados e novos públicos”. Mais recentemente, o Twitter veio reforçar a ideia de diálogo constante entre utilizadores. Por outro lado, o fenómeno das redes sociais na Internet é importante para difundir notícias na hora, passando os órgãos de comunicação social a ser o destino dos conteúdos.

Para o jornalista, é essencial assumir o papel de líder deste processo, integrando aquilo que se passa na Internet e aceitando o fim das fontes passivas. Mas este processo exige uma maior flexibilidade por parte dos jornalistas, obrigando-os a trabalhar e, sobretudo, a pensar para os vários suportes existentes.

Todavia, hoje existe ainda muita infoexclusão nas redacções. Paralelamente, os jornalistas não fazem formação por iniciativa própria, o que lhes coloca obstáculos acrescidos. Daí que os profissionais tenham que ter capacidade para alterar essa tendência, dispondo-se a receber formação noutras áreas que vão para além do jornalismo.

A mudança tecnológica, as exigências de uma maior qualidade de conteúdos e formatos e o défice de formação dos jornalistas abre espaço para o surgimento nas redacções de dois novos tipos de profissionais: gestores de conteúdos e engenheiros informáticos.

Ainda assim, contesta-se o mito do jornalista multimédia, que tem de saber e dominar todas as ferramentas. Nenhum jornalista tem de saber escrever, fotografar, captar vídeo, editar e dominar as ferramentas de programação.

Uma das inovações defendida foi a emergência da figura de um gestor de comunidades, que faça a gestão de conteúdos associados aos sites dos órgãos de informação, tais como blogues convidados, comentários dos leitores e espaços reservados ao cidadão repórter.

Esta inovação é, contudo, muito recente, o que faz com que andemos ainda à procura de uma linguagem online, que pode receber contributos das linguagens previamente existentes, como a imprensa, a rádio e a TV, podendo vir a situar-se algures entre a linguagem de rádio e a de agência.

Os jornais em papel tenderão também a acabar. Foi mesmo defendido que estes têm os dias contados e que vão tornar-se produtos de luxo, complementares às funções de breaking news dos sites.

Jornalismo local e regional

Neste âmbito, debateu-se, principalmente, a forma como os media regionais e locais sobrevivem face às dificuldades do presente. Apesar da evolução da profissão, nomeadamente em termos tecnológicos, o jornalismo deve continuar a existir no plano local e regional para informar sobre o que está próximo.

O jornalismo local desempenha um papel importante na sociedade, como a manutenção de traços de identidade das comunidades; audição de vozes que, normalmente, não são ouvidas, e espaço para participação cívica.

A internet coloca ao jornalismo local e regional novos desafios, o que obrigará a uma profissionalização dos membros do jornal e a necessidade de conquista da internet, respeitando as regras específicas deste meio.

Jornalismo Desportivo

A importância que o desporto tem no quotidiano dos portugueses faz deste sub-género especializado um dos mais relevantes na sociedade portuguesa. A importância do tema vê-se por exemplo pelo facto de Portugal ter três jornais desportivos diários, empregando uma grossa fatia dos profissionais da classe.

Apesar dessa situação, os jornalistas desportivos sentem que têm um tratamento diferenciado face aos restantes companheiros de profissão. Daí que, por exemplo, Fernando Eurico, defenda que “não existe jornalismo desportivo, apenas jornalismo, apesar das especializações”.

Grande Reportagem

O género nobre do jornalismo tem hoje um espaço francamente reduzido nos órgãos de comunicação nacionais. As narrativas do mundo sob o olhar português. Foi destacada a necessidade de os profissionais da área sacudirem o tom monocórdico do jornalismo.

Para o bom jornalismo vigorar é necessário sair à rua e sujar os sapatos. Falou-se na existência de um Portugal sentado e de jornalismo apressado e fechado na redacção. Há uma necessidade de humanização da classe: jornalistas precisam de qualidades que actualmente não se vêem muito, tais como o carácter, a humanidade, a responsabilidade social e a capacidade de se relacionar com os outros.

Fontes jornalísticas

Foi salientada a importância de manter boas relações com as fontes, ainda que precariedade da profissão faça aumentar as dificuldades para os profissionais. A internet veio também colocar desafios, nomeadamente com a profusão de fontes anónimas que povoam o meio cibernético.

As dificuldades as agências de comunicação e as assessorias de imprensa vieram colocar, limitando a liberdade jornalística. A nível local os constrangimentos colocados pelas fontes são ainda mais notórios, face à proximidade entre as fontes e os jornalistas.

Condições de trabalho

O tema foi introduzido pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas que apontou um cenário de falta de perspectivas de emprego, o desemprego crónico e o abandono precoce da profissão.

Portugal não consegue absorver os licenciados na área e os que são acolhidos nos órgãos de comunicação entram num círculo de precariedade. “Põe em causa valores como a solidariedade e camaradagem”.

Auto-emprego

Para combater as dificuldades encontradas, é possível criar um “círculo virtuoso”, se se apostar na imaginação e se alguns jornalistas lançarem os seus próprios projectos.  O ciberjornalismo pode ser uma alternativa nesse campo, como demonstram exemplos recentes.

Desemprego e recurso a estagiários são realidades no jornalismo

O professor do ISCTE José Rebelo afirmou que o tratamento dos dados da Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas mostrou que 5 por cento dos 7402 profissionais estão em situação de desemprego.

O coordenador da investigação “Perfil Sociológico dos Jornalistas Portugueses” justificou este resultado, com elementos que datam de 31 de Dezembro de 2006, explicando que os jornalistas omitem o facto de estarem sem emprego, porque isso dificulta a procura de um novo trabalho. “A margem de desemprego é extraordinariamente elevada”, declarou.

O docente referiu que 15 por cento dos jornalistas são freelance, valor que esconde situações de desemprego. José Rebelo disse ainda que há empresas que vivem à custa de estagiários, mesmo contornando impedimentos legais. Dos profissionais com carteira profissional, 7,5 por cento são estagiários.

Segundo os dados apresentados no decorrer dos últimos vinte anos o número de jornalistas foi multiplicado por seis. Apesar de 41% dos jornalistas serem mulheres, nos cargos de chefia 80 por cento são homens. Deste universo, 60 por cento trabalham na imprensa, 15,5 por cento na televisão e 13 por cento na rádio.

Texto de Luísa Teresa Ribeiro e Flavie Paula

Foto de Carlos Rui Abreu

Cobertura jornalística com o apoio do Grupo de Alunos de Comunicação Social da Universidade do Minho (GACSUM).

Apresentação do estudo "O perfil sociológico dos jornalistas portugueses" - Fotos



José Rebelo, professor do ISCTE, apresenta o estudo "O perfil sociológico dos jornalistas portugueses". Notícias sobre este trabalho no jornal Público e Jornal de Notícias.

Fotos de Carlos Rui Abreu

Continue a acompanhar a II Convenção no blogue do GI e no twitter.

Jornalismo local e regional nos dias de hoje


A coordenadora geral do jornal Diário do Minho defende que o exercício do jornalismo deve continuar a existir no plano local e regional, não obstante a evolução tecnológica. Luísa Teresa Ribeiro foi a oradora do grupo de trabalho sobre o jornalismo local e regional, que decorreu da parte da manhã. Numa sessão com bastante participação, debateu-se, principalmente, a forma como os media regionais e locais enfrentam as dificuldades.

A principal função deste tipo de jornalismo é o de “informar sobre o que está próximo”, diz. No entanto, este desempenha papéis importantes na sociedade, tais como a “manutenção de traços de identidade das comunidades" e a "audição de vozes que, normalmente, não são ouvidas, funcionar como espaço para participação cívica”.

Luísa Teresa Ribeiro abordou, em seguida, a questão dos novos media, falando em particular dos desafios que a Internet coloca ao jornalismo local e regional. Face a esta nova realidade, a oradora aponta soluções para manter vivos estes órgãos de comunicação social: “A organização do ponto de vista empresarial, a profissionalização dos membros do jornal, a necessidade de conquista da Internet, respeitando as regras específicas deste meio, o aproveitamento de sinergias que as novas tecnologias permitem e o estreitamento dos laços com o público”.

A sessão foi, depois, aberta à participação da assistência, onde se debateram temas como o excesso de proximidade das fontes e as pressões políticas e económicas. Alguns jornalistas participantes neste grupo de trabalho expuseram casos da sua experiência profissional, nomeadamente alguns casos em que foram vítimas de pressões.

Texto de Hugo Pires

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