27.3.09

Grupo de Trabalho sobre Jornalismo Desportivo


Jornalismo Desportivo


Nada como o Futebol desperta tanta atenção no nosso país. A politica pode mexer com o nosso bolso diariamente, pode ser até descoberta uma vacina importante,mas o que ninguém nega é que é a bola a ditar leis em Portugal. Tudo pára quando jogam Porto ,Sporting e especialmente o Benfica.


O país divide-se nas opiniões e nos gostos ao ponto de muitas figuras da nação procurarem o desporto-rei para se fazerem notar. Tem por isso o Jornalismo Desportivo grande impacto no dia a dia dos portugueses. Poucas publicações se podem gabar de ter maiores tiragens que os três diários desportivos, as rádios apresentam quase de hora a hora actualizações sobre desporto e não abdicam dos directos, as televisões no inicio de cada época degladiam-se pela primazia nas transmissões televisivas.


Não raras vezes basta olhar para o top 10 dos programas mais vistos em cada mês e 70 a 80 % são transmissões de futebol. Ninguém pode negar esta evidência por isso é urgente reflectir sobre o produto que o Jornalismo Desportivo oferece diariamente aos consumidores. Coisa que a classe nem sempre faz.


A auto-crÍtica está moribunda tanto que nos deparamos com uma realidade feroz e que contraria quase sempre o jornalismo objectivo, aquele que nos ensinam nas faculdades e que aponta para a informação pura e dura isto porque os órgãos de comunicação social pertencem a grandes grupos financeiros muitos deles sobrevivem exclusivamente da publicidade, das audiências e tiragens. Sem isso não podem manter-se daí percebermos que a informação é um negócio e que pode ser questionada sobre os critérios que utiliza.


Claramente os três principais clubes dominam a actualidade e todos eles têm peso e influência no que se dá ao consumidor. Portugal é um país de futebol tricéfalo, sem espaço para os outros emblemas e para os outros desportos. Por isso lemos, vemos e ouvimos informação completamente obsoleta em detrimento de grandes feitos.


Porquê? Porque uma medalha no Judo ou a conquista de um troféu por uma equipa de segundo plano não vende, não dá retorno financeiro. É esta a mentalidade reinante, reflexo do país e dos costumes que temos. E contra ela nada a fazer. Daí viver-se no Jornalismo Desportivo uma época de sobrevivência a todo o custo. Já não é relevante a importância da informação mas como criar impacto que chame a cada publicação mais consumidores.


Portugal é um pequeno país com 10 milhões de habitantes. Tem um canal de Desporto na televisão, três jornais diários desportivos, muita publicação na internet não contando com todos os generalistas que usam e abusam da informação desportiva. São demasiados órgãos de comunicação. São inúmeros jornalistas. É demasiada informação. Gasta-se muito tempo com opiniões e temas paralelos. Diria que se entretém muito mas informa-se e investiga-se pouco. Dá menos trabalho mas o povo gosta.


O panorama não é muito aliciante por isso é este espaço de reflexão na II Convenção de Jornalistas.


Fernando Eurico


Foto Ana F. Monteiro

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