27.3.09

Grupo de Trabalho sobre Ciberjornalismo e Multimédia


À procura do modelo eficaz para o inevitável novo meio

A discussão e reflexão sobre as questões ligadas ao ciberespaço e ciberjornalismo é, mais do que um desafio, uma necessidade, tendo em conta a nova realidade dos media e dos novos leitores digitais.

Após a explosão das dot.com, nos finais dos anos 90, este é talvez um dos momentos mais importantes que Portugal atravessa na área do jornalismo online, com várias empresas de comunicação social a realizarem apostas claras, assumindo investimentos nas suas plataformas online.

Em apenas alguns meses, a rede viu surgir uma série de sites de informação de “cara lavada” e, finalmente, assumindo uma vertente multimédia, já adoptada internacionalmente. Foi o caso dos sites dos grupo Controlinveste TSF, Jornal de Notícias e Diário de Notícias, do site do Expresso, do grupo Impresa, do Portugal Diário e da recém-chegada TVI 24, da Media Capital.

É nítido que os grupos de comunicação social portugueses estão a dar mais importância à Internet e a procurar um caminho alternativo para difundir os seus produtos. Acresce a presença nas plataformas móveis, como os telemóveis e consolas.

Ao mesmo tempo que assistimos a estas apostas, chegam-nos diariamente notícias sobre jornais em papel que encerram ou sobre as dificuldades por eles vividas. O aumento da venda de publicidade online tem sido também um alvo de notícia. Nas redacções, assistimos a mudanças de ritmos e hábitos de trabalho e fala-se de convergência e de integração.

Nas universidades, formam-se finalmente jornalistas com competências técnicas que lhes permitem dominar algumas ferramentas já básicas para produzir informação digital e difundi-la em multiplataformas.

O público também já se assumiu como produtor de informação. Fá-lo nos blogues, no Twitter, e em tantas outras microplataformas online. Constrói a rede social e já não admite que um órgão de informação não possibilite a interacção com o meio.

É, pois, inevitável que a informação adquira um novo formato e que a hegemonia da imprensa escrita, da rádio e até da televisão seja gradualmente menor. O investigador da Universidade de Navarra Ramón Salaverría aponta mesmo o iPhone e outros dispositivos semelhantes como “um desafio para os media”: “Vocês têm de me satisfazer com conteúdos para este aparelho”.

Como irão os grupos de comunicação social reagir à velocidade da tecnologia e com que modelo de negócio será a questão fulcral, já que no jornalismo o formato multimédia está a impor-se, mesmo com a resistência de alguns profissionais do sector que ainda olham para a informação digital como parte menor.

Informação actualizada ao segundo, vídeo, áudio, slideshows, fotografias panorâmicas, infografias dinâmicas, reportagem multimédia e reportagem multimédia interactiva estão a ganhar espaço nos jornais online, onde se juntam um conjunto de ferramentas oferecidas ao utilizador para poder gerir, difundir e partilhar conteúdos, como agregadores de informação, ligações a redes sociais e espaços para conteúdos dos cidadãos.

Estudam-se modelos de arquitectura de navegação e da notícia e definem-se conteúdos especificamente num formato Web. O professor e especialista em ciberjornalismo João Canavilhas estudou os percursos dos utilizadores na Internet, concluindo que existe um paradigma diferente: a pirâmide deitada: no primeiro momento há uma explicação básica, o segundo passo conduz a uma explicação mais detalhada e o utilizador pode continuar para os níveis seguintes, para informação cada vez mais aprofundada.

Hoje, os webjornais portugueses deixaram de ser apenas uma plataforma de migração das suas edições impressas e começam a traçar o seu caminho digital. As empresas entendem o novo meio e procuram potenciá-lo. Os jornalistas estão a mudar ritmos e metodologias de trabalho e as redacções procuram modelos certos, sempre com um leitor cada vez mais autónomo, criativo, digital e participativo a assistir atentamente.

Manuel Molinos

Foto Ana F. Monteiro

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